segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

De que adianta a Supernanny?

No começo, esse blog serviria apenas para participação nas atividades das aulas de pós-graduação. Contudo, já que o filho foi feito, o que custa alimenta-lo para que cresça?

Dos diversos assuntos que aconteceram nos últimos dias (alguns BEM pessoais, que não acho que caibam compartilha-los ainda), ontem um fato me chamou a atenção. Pela perplexidade, pela falta de bom senso e pela regularidade com que tem acontecido.

Como domingo não é dia de cozinhar e cuidar de casa, resolvi almoçar fora. Na mesa em frente à minha, sentou-se uma família (mulher, marido, um casal de filhos e uma senhora, famosa pelas atividades na área cultural em MS) . Se em tempos normais, a comilança já reina solta em tal estabelecimento, no final do ano e nessa semana afogada de bebidas, doces e abusos, entre o Natal e o Ano Novo, a fartura corria desbaratinada.

Pois bem, em determinado momento, percebi que o filho do casal estava inquieto, nervoso, visivelmente perturbado com a situação. O instinto de jornalista apurou-me os sentidos para perceber que ele já havia terminado de almoçar, e se incomodava com a demora nos demais integrantes da mesa.

Ao passo que bater o pé, bocejar, bufar e revirar os olhos não fazia efeito algum nos demais carnívoros (em tempo, era uma churrascaria, que também serve comida árabe no buffet. Delícia, e não sei se existe outra por aí...), o menino passou a atacar o pai com palavras:

- CALA ESSA BOCA, e enfia o resto dessa comida logo, que eu quero ir embora.
- C-A-L-A-B-O-C-A e come logo!
- Você é um gulosão! Precisava servir tudo isso, e ficar demorando? Para de falar e come!

Leitores: esta é a CRIANÇA falando com o pai. Se lendo, já causa tal sensação, imagine presenciando. Ao que a mãe respondeu:

- Deixa o papai terminar de comer, filhinho.

Não sei vocês, mas, como diria Caetano, “alguma coisa está fora da ordem”. O filho vocifera, regurgita o que quer, e a mãe tem a capacidade de dizer “filhinho” ao pústula que obriga o progenitor a comer rápido porque ele já terminou de se alimentar. Isso, sem dizer do pai, que nada disse e continuou mastigando.

Eu não tenho filhos, mas espero ter algum dia. Sobrinhos vão demorar – meu irmão tem apenas 13 anos. Tanto já ouvi sobre criação de filhos, limites, psicologia infantil, abusos e modernidade. Mas uma coisa permanece, e meu avô Antônio – do alto de seus 84 anos de sabedoria, histórias e um muito de imaginação – dizia com muita propriedade. “Você só leva da vida a educação”.

Esse valor ultrapassa qualquer outro. Moral. Ética. Bom senso. Responsabilidade. Qualquer prática decente na vida em sociedade se baseia na educação. As políticas públicas de segurança neste país se tornam uma falácia, pois não querem tratar na prevenção da violência e da criminalidade, mas em atender às vítimas que convivem no dia-a-dia com esses modelos.

Ao que eu posso finalizar: criança precisa de limite. Tem que ouvir NÃO. Tem que saber seu lugar. Os pais podem e devem ser amigos dos filhos (minha mãe soube levar isso muito bem). Mas amigos tem escalas diferentes. E os pais não merecem ouvir que são “gulosos” ou pedirem que “calem a boca”.

E como disse Renato Russo. “É o que você vai ser, quando você crescer”. O que teremos no futuro? Novos Lindembergs? Tragédias como Columbine?

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